Dia mundial de combate a tuberculose

Artigo escrito por Rafael Bombein (CREF – 016866/SP) e editado pelo jornalista Fábio Busian (MTB 81800)

Comemorado no dia 24 de março, o Dia Mundial de Combate à Tuberculose visa informar sobre a doença e conscientizar a população sobre a necessidade de uma vigilância constante para preveni-la e diagnosticá-la o mais rápido possível. 

A tuberculose é uma doença infecciosa transmissível principalmente entre a população mais vulnerável que, mesmo com medidas de prevenção e tratamento disponíveis, causou número recorde de mortes já registrado no Brasil – 5 mil óbitos em 2021. 

Diante deste cenário, o Ministério da Saúde lançou, no dia 24/03/2023, a Campanha Nacional de Combate à Tuberculose; a iniciativa reforça a importância de medidas de prevenção, do diagnóstico e do tratamento correto.

O Brasil faz parte dos países prioritários para o enfrentamento à doença, elencados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e está entre os 30 países do mundo com maior índice de transmissão da doença. 

A tuberculose é causada por uma bactéria chamada de Mycobacterium tuberculosis; a doença é muito reconhecida pelo seu acometimento pulmonar (tuberculose pulmonar), mas poucos sabem que vários outros órgãos do corpo também podem ser infectados pela tuberculose, como pele, rins, linfonodos, ossos, cérebro, etc.

A infecção pelo bacilo de Koch inicia-se sempre pelos pulmões, mas pode se alastrar por todo o corpo. Nem todo mundo vai desenvolver a tuberculose ativa e alguns permanecerão com a bactéria adormecida no organismo, tendo tido ou não sintomas de tuberculose pulmonar. A bactéria pode ficar alojada durante anos em qualquer parte do corpo, como cérebro, meninge, rins, intestinos, coração, linfonodos, ossos etc., apenas à espera de uma queda no sistema imune para voltar a multiplicar-se.

Desta forma o indivíduo pode entrar em contanto com a bactéria da tuberculose e seguir por um dos três caminhos:

  • Seu sistema imunológico não consegue controlar a bactéria e você desenvolve a doença, apresentando, na maioria dos casos, sintomas de tuberculose pulmonar.
  • Seu sistema imunológico consegue controlar a bactéria, mas não a elimina do seu corpo, mantendo-a apenas “adormecida” por vários anos. Se houver alguma queda no sistema imune, a bactéria pode voltar a ficar ativa, causando geralmente um dos tipos de tuberculose extrapulmonar. Cerca de 10% dos pacientes com tuberculose latente desenvolverão a doença em algum momento da vida.
  • Seu sistema imunológico consegue controlar a bactéria e a elimina definitivamente do corpo, fazendo com que você nunca fique doente.

TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE

A tuberculose se transmite pelo ar, por contato com secreções respiratórias contaminadas, habitualmente através da tosse. Os pacientes contagiosos são aqueles que apresentam tuberculose pulmonar ou na laringe. Além da tosse, o bacilo da tuberculose pode ser transmitido pelo espirro, pelo cuspe ou até por conversas próximas onde há trocas de perdigotos (são gotículas contaminadas de saliva que são expelidas, geralmente através de um espirro, e que acabam por ser depositadas na conjuntiva, mucosa nasal, boca ou pele íntegra).

Pacientes com diagnóstico de tuberculose pulmonar ou laríngea devem ficar em isolamento em quartos especiais por pelo menos 15 dias, até que o tratamento consiga eliminar as bactérias das secreções pulmonares. 

Estima-se que uma pessoa infectada com tuberculose pulmonar, se não tratada, pode contaminar outras 15 no intervalo de um ano. De acordo com as estatísticas, destas quinze, apenas uma ou duas desenvolverão sintomas. Atenção: apenas os casos sintomáticos são capazes de transmitir a doença. Se você entrou em contato com o bacilo, mas não desenvolveu a doença, não há risco de transmissão da bactéria para outros.

FATORES DE RISCO

Os indivíduos com as características abaixo são aqueles com maior risco de desenvolver tuberculose após contato com alguém contaminado:

  • Idosos;
  • Diabéticos;
  • População de rua;
  • Alcoólatras;
  • Insuficientes renais crônicos;
  • Doentes com neoplasias ou sob quimioterapia;
  • Transplantados;
  • Portadores do vírus HIV.

SINTOMAS

Tuberculose pulmonar

A tuberculose pulmonar é a manifestação mais comum da doença. O quadro típico de tuberculose pulmonar é de febre com suores e calafrios noturnos, dor no peito, tosse com expectoração, por vezes com raias de sangue, perda de apetite, prostração e emagrecimento que chega a 10 ou 15 kg em algumas semanas.

Por ser também uma infecção pulmonar, o quadro pode lembrar o de uma pneumonia. Porém, enquanto a pneumonia é uma doença mais aguda, que se desenvolve em horas/dias, a tuberculose é mais lenta, evoluindo em semanas. Alguns pacientes com tuberculose só procuram atendimento médico dois meses depois do início dos sintomas. Deve-se pensar sempre em tuberculose pulmonar naqueles pacientes com quadro de pneumonia arrastada que não melhora com antibióticos comuns.

VACINA CONTRA TUBERCULOSE

Existe uma vacina chamada de BCG, que faz parte do calendário nacional. É administrada quando criança e serve para prevenir as formas mais graves da doença, como a tuberculose disseminada e a meningite tuberculosa. A vacina apesar de diminuir a incidência da tuberculose pulmonar não a evita por completo. Como é feita a partir de bactérias vivas, ela não deve ser administrada em imunossuprimidos.

Nos últimos anos, houve uma redução importante da cobertura vacinal. Até 2018, o índice de vacinação se mantinha acima de 95%. A partir de 2019, a cobertura não ultrapassou os 88%. Essa queda representa aumento do risco de transmissão da doença e retomar a alta cobertura vacinal é fundamental para a eliminação da tuberculose no Brasil. Incentivar a imunização das crianças é prioridade do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em fevereiro pelo Ministério da Saúde.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da tuberculose pulmonar é feito através da história clínica, da radiografia de tórax e do exame de escarro (catarro). Este último é o exame que identifica a presença do bacilo de Koch.

Os testes para o diagnóstico da tuberculose são ofertados gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde. A medida é fundamental para a detecção de novos casos e para o controle da doença. Neste sentido, pessoas com sintomas da doença devem procurar uma unidade de saúde para avaliação e realização de exames. 

É importante, também, que os contatos mais próximos de uma pessoa com resultado positivo para a tuberculose sejam testados, tendo em vista que a transmissão da doença ocorre pelo ar. O tratamento para tuberculose deve ser iniciado o mais rápido possível após o resultado positivo do teste. A doença tem cura quando o tratamento é feito de forma adequada e até o final.

O cenário da tuberculose no Brasil também foi agravado pela pandemia da Covid-19, que provocou a redução de notificações. O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento no tempo correto e aumentar as chances de cura, principalmente entre a população que tem maior risco para sintomas graves.

Por isso, o Ministério da Saúde irá disponibilizar, a partir deste mês, um novo teste de urina para o diagnóstico da tuberculose em pessoas vivendo com HIV com imunodepressão avançada. Também está sendo desenvolvida uma parceria com a Fiocruz e a Foundation for Innovative (FIND) para desenvolvimento de dois projetos internacionais focados na qualificação do diagnóstico da tuberculose até 2024.


Referencias

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/ministerio-da-saude-lanca-campanha-de-combate-a-tuberculose-e-reforca-acoes-para-eliminacao-da-doenca-no-brasil

https://www.paho.org/pt/noticias/24-3-2023-opas-pede-aos-paises-que-acelerem-acoes-para-acabar-com-tuberculose

https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/tuberculose/


Para saber mais sobre a campanha ao combate à tuberculose no Brasil, acesse:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/ministerio-da-saude-lanca-campanha-de-combate-a-tuberculose-e-reforca-acoes-para-eliminacao-da-doenca-no-brasil


Para saber mais sobre a à tuberculose, acesse:

https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/tuberculose/